Já imaginou uma biblioteca na qual pessoas são consultadas ao invés de livros? Pois para minha surpresa, e acredito que para a sua também, elas existem. A saber, esse foi um dos garimpados que achei na internet nesta semana. Segundo apurei, a Biblioteca Humana (Human Library, em inglês), já funciona há duas décadas. E, pasme, tem iniciativas espalhadas em mais de 80 países. Mas o exemplo que vou dar aqui é a de Copenhagen, capital da Dinamarca, onde tudo começou.
Foi lá que, no ano 2000, o experimento surgiu por meio da ONG Stop the Violence (Pare a Violência, na tradução livre para o português). Assim, a primeira Biblioteca Humana abriu dentro do Roskilde Festival, um dos maiores festivais de verão realizados na Europa.
A iniciativa foi do jornalista Ronni Abelger. Seu objetivo era reduzir a discriminação existente entre os jovens. Isto a fim de questionar preconceitos e estereótipos. Ao mesmo tempo, promover o diálogo, a tolerância e compreensão para pessoas de outras raças, culturas e religiões. A propósito, neste mês é quando se comemora 20 anos da primeira Biblioteca Humana.
Porém, atualmente, os eventos com livros humanos acontecem de duas a três vezes por mês em Copenhague. A saber, em bibliotecas públicas, escolas e universidades.
Como funciona
O modelo é muito simples. Os usuários que acessam e consultam o catálogo de “opções”, ao invés de encontrar livros, encontram pessoas com histórias para contar. Assim, eles podem ficar sentados cara a cara por um tempo determinado para ouvir e dialogar.
Na Biblioteca Humana, a ideia não é ler ou emprestar livros, mas compartilhar histórias pessoais. Tudo com o intuito de trazer à tona novas realidades. Estas muitas vezes, estão distantes do nosso cotidiano.
Dessa forma, cada pessoa se oferece como um “livro humano” de maneira voluntária e gratuita. De certo modo, elas ensinam que, como nos livros, as pessoas não devem ser julgadas apenas pela “capa”, ou seja, pela aparência.
A propósito, o sucesso das primeiras bibliotecas humanas na Dinamarca incentivou a expansão da ideia para outros países. Assim já encontramos iniciativas, por exemplo, no Canadá, Estados Unidos, Índia, Itália, Islândia, Romênia, Noruega, Portugal, Espanha e até no Brasil.
Biblioteca Humana no Brasil
No Brasil, a iniciativa existe na Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Foi ali que, em setembro de 2019, aconteceu um evento com o intuito de combater o preconceito e aproximar pessoas com relatos de vítimas de intolerância.
Mas o fato é que para avançar no nosso país, o projeto ainda precisa de parceiros locais e espaços para outros eventos.
Por isso, tanto os interessados em organizar filiais da Biblioteca Humana quanto os que querem compartilhar suas histórias podem se tornar parceiros do programa por meio da página oficial da iniciativa.
Resumindo, em um mundo repleto de informações provenientes de tantos canais de comunicação, acredito que a Biblioteca Humana possa ser um alento. Não só para proporcionar um lugar de fala, como também de escuta e diálogo. Não acha?
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Imagem de capa: Divulgação/humanlibrary.org.
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