Em minha viagem ao Japão, uma coisa era certa: no itinerário, não poderia faltar Tóquio, o Monte Fuji, Quioto e Nara. Claro que outras cidades japonesas me chamavam a atenção, a exemplo de Hiroshima, embora tenha sido palco para um dos acontecimentos mais tristes da história da humanidade – onde caiu a primeira bomba atômica, duranta e Segunda Guerra Mundial.
Eu ainda cheguei a sair do Brasil na dúvida se visitava ou não Hiroshima. Além de ter apenas 14 dias no país, eu tinha que considerar a questão da logística. Mas quem tem um Japan Rail Pass (passe de trem japonês) na mão e pode acessar o trem-bala, que encurta e muito os deslocamentos pelo país, sem pagar nada a mais por isso (o trem no Japão é caríssimo), pode considerar vários passeios bate e volta entre as cidades.
E uma vez em Quioto (onde fiquei seis dias), visitar Hiroshima e voltar no mesmo dia, apesar desta estar a 360 km ao sul da primeira (e um pouco contra-mão), é mais fácil do que se imagina. Afinal, para que servem os trens-bala?
O que poderia levar mais de quatro de carro, de trem leva-se pouco mais de 1h30 de viagem e, de quebra, ainda dá para fazer um passeio à pequena Ilha de Miyajima, localizada na Baía de Hiroshima, Patrimônio Mundial da Unesco e um dos locais visitados do Japão por conta de seu torii gigante (portão de entrada de santuários xintoístas) e que parece flutuar sobre o mar, na maré alta. E quer saber? Valeu demais a aventura!
Se engana ainda quem pensa que Hiroshima é lugar triste. Tudo bem que o Parque Memorial da Paz é um lembrete constante ao dia 6 de agosto de 1945, quando a cidade foi bombardeada. Mas a quantidade de áreas verdes, com seus calmos e amplos bulevares, edifícios modernos e muitos jovens circulando pelas ruas está longe de nos causar tristeza. A Hiroshima de hoje em dia tem uma atmosfera muito legal!
A minha sugestão de roteiro é começar o dia pela Ilha de Miyajima, deixando Hiroshima para a parte da tarde. Contudo, para contemplar os dois lugares nesse bate e volta saindo de Quioto, você deve sair bem cedo do seu hotel.
Como chegar a Hiroshima e Miyajima saindo de Quioto
Para fazer o roteiro que eu fiz, como já mencionado, você deve sair bem cedo do seu hotel em Quioto em direção à Estação JR Kyoto para pegar o trem-bala, se possível por volta das 8h da manhã, para antes das 10h já estar na Estação de Hiroshima. O trem na ida foi direto. Já na volta ele “terminava” em Osaka e lá eu peguei outro trem que em 15 minutos me deixou na estação JR Kyoto.
As opções de trem para ir por volta do horário que eu queria eram às 8:03h, 08:09h, 08:30h (peguei este); e na volta eram às 17:35h, 17:52h, 18:13h, 18:35h. Mas existem outros horários antes e depois.
No retorno, tomei o trem das 18h35, em Hiroshima. Com 2h de viagem, mesmo com a conexão em Osaka, eu já estava de volta a Quioto. Portanto, bem tranquilo!
Ao desembarcar, na própria estação de Hiroshima, você deve tomar o próximo trem regional, da linha JR Sanyo, descendo na estação de Miyajimaguchi (30 minutos de distância) e de lá pegar o ferry também da JR (o terminal fica logo em frente à estação) para a Ilha de Miyajima. A travessia leva uns 10 minutos. Quem tem o Japan Rail Pass tem todos esses trajetos inclusos: trem-bala, trem regional e ferry.
Com seu passe de trem em mãos, basta embarcar no horário escolhido. Em todos esses trechos você não precisa se preocupar com reservas de assentos, pois a frequência é grande.
O que ver e fazer em Miyajima
A Ilha de Miyajima é bem pequena, com seus pontos de interesse bem próximos uns dos outros e que pode e deve ser toda explorada a pé. Para você ter uma ideia, eu permaneci cerca de 2h horas por lá e foi o suficiente. Antes mesmo de chegarmos à ilha, desde om convés do ferry, já dá para ver o torii gigante, sua maior atração.
Ao desembarcar, saindo do Terminal de Ferry, vire à direita e caminhe, por um calçadão à beira-mar, por uns 10 minutos até o Santuário Itsukushima-jinja e ao torii. Pelo caminho, várias lojinhas e restaurantes.
Assim como Nara, Miyajima é habitada por muitos cervos, que andam livres por todo lado. Embora amigáveis, tenha cuidado e não deixe comida dando sopa, pois eles avançam para roubar.
Ao chegar ao santuário, admire a beleza da construção, mesmo que apenas por fora, pois a atração é paga (não lembro quanto). O local tem a forma de um píer, resultado do status sagrado que era conferido à ilha. Não era permitida a entrada de plebeus, e eles só conseguiam se aproximar do santuário de barco passando pelo torri flutuante na baía.
Para conseguir a vista clássica do torri flutuando sobre o mar, é preciso visitá-lo na maré alta. Eu não tive essa sorte, mas por outro lado, foi possível chegar bem próximo caminhando pela areia e fazer boas fotos.
Logo depois, caminhei até o terminal de balsas, onde peguei um ferry de volta para o continente, de onde da estação de Miyajimaguchi, tomei um trem para Hiroshima, onde por volta das 14h já estava desembarcando.
Roteiro por Hiroshima
A maioria das atrações concentra-se no Parque Memorial da Paz e entorno e podem ser visitadas à pé ou em uma rápida viagem de bonde. Para chegar ao parque, tome o bonde de 2 ou 6 no terminal em frente á estação de trem (saída sul) e desça na parada Genbaku-domu-mae. Não se preocupe que tudo é muito bem sinalizado em inglês.
Contudo, eu tenho uma boa notícia para quem tiver o Japan Rail Pass ou o JR-West Rail Pass válidos. Os portadores têm direito a usar, de graça, o Hiroshima Sightseeing Loop Bus, o ônibus vermelho que percorre os principais pontos turísticos da cidade, podendo subir e descer quantas vezes quiser em um período de 24h.
Ao todo são três linhas (laranja, verde e amarela), todas passando pela estação (saída sul). Na dúvida, basta perguntar a algum funcionário que eles indicam o ponto de saída.
As rotas Laranja e Amarela passam, em ordens distintas, pelas três atrações que eu mais recomendo visitar em um dia por Hiroshima: o Domo da Bomba Atômica, o Parque Memorial da Paz e o Castelo de Hiroshima (Hiroshima-jo). A verde passa apenas pelas duas primeiras.
Eu comecei minha visita pelo Domo da Bomba Atômica, o maior lembrete da destruição ocorrida em Hiroshima na Segunda Guerra Mundial. À época, o edifício fazia parte da antiga prefeitura e a bomba caiu quase que em cima dele. Todos que estavam no local morreram. A construção foi uma das únicas coisas a permanecer em pé ao redor do epicentro da explosão.
De lá, atravessando a rua e a ponte que cruza o rio, chega-se ao Parque Memorial da Paz. Abraçado por rios dos dois lados, é um espaço bem grande, gramado, cheio de plantas e árvores, cruzado por trilhas e alguns monumentos.
Seu principal destaque é a Lagoa da Paz, contornada por um bulevar que leva ao Cenotáfio, um monumento de concreto curvado onde estão registrados os nomes de todas as vítimas identificadas da bomba e a frase “Descansem em Paz. Nós nunca repetiremos o erro”. Nessa hora, eu me emocionei!
Na outra extremidade da lagoa está a Chama da paz, que somente será apagada quando a última arma nuclear do mundo for destruída.
Observe que se você olhar do Cenotáfio para a lagoa, verá que ele emoldura a Chama da Paz e Domo da Bomba Atômica do outro lado do rio. De fato, o parque foi projetado para que essas estruturas formassem uma linha reta, com o Museu Memorial da Paz na ponta sul.
Já ao norte, está o Monumento das Crianças da Paz, inspirado em Sadako Sasaki, que tinha dois anos de idade à época da explosão da bomba atômica. Quando ela se descobriu com leucemia, aos 11 anos, decidiu fazer mil garças de papel (tsuru), animal que no Japão representa a longevidade e a felicidade, e a jovem estava convencida que se o fizesse se recuperaria.
A menina faleceu antes de completar a tarefa, mas seus colegas de classe terminaram por ela. Em volta do monumento estão fitas de milhares de tsuru de papel colorido, mandados por crianças de escolas do país e do mundo todo. Emocionante!
Antes de tomar novamente o ônibus e seguir para o Castelo de Hiroshima, você poderá visitar o Museu Memorial da Paz. Contudo, prepare o coração! O interior abriga uma coleção de itens remanescentes da explosão da bomba atômica – farrapos, óculos, uma lancheira infantil derretida, um relógio parado às 8h15 e ainda fotos estarrecedoras das vítimas. Bem pertubardor, por isso eu resolvi não entrar.
Para chegar mais rapidamente ao Castelo de Hiroshima, tome a linha amarela do Hiroshima Sightseeing Loop Bus de volta para a Estação de Trem (duas paradas) e lá permaneça nessa linha, se ela continuar o trajeto, ou troque pela a de cor laranja. É a segunda parada desde a estação.
Na verdade, não espere muito desse castelo, como os exemplares de Tóquio e Quioto, mas o entorno, com um fosso e muito verde, é bonito e rende belas fotos. Datado de 1589, o que restou foi totalmente devastado pela bomba e reconstruído em 1958. Há um pequeno museu com itens históricos. A entrada é gratuita.
Do Castelo, é hora de voltar para a estação para pegar o próximo trem para Quioto. Para isso, tome o primeiro ônibus do Hiroshima Sightseeing Loop Bus que passar. O último ônibus da linha laranja passa pelo castelo às 17h08 e o da linha amarela às 17h38, com o primeiro chegando à estação ás 17h47 e o segundo às 18h03.
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