Visitar Portugal não é só conhecer a sua vibrante capital, Lisboa, a segunda maior cidade, O Porto, ou regiões inspiradores a exemplo do Algarve ou do Alentejo. Também não basta acrescentar a rica e saborosa cozinha portuguesa. Na verdade, você deve experimentar tudo isso e se aprofundar, ainda, nos vinhos locais. Em especial, o vinho verde de Portugal. Um vinho único e que se confude com a alma do próprio país. Só assim a sua experiência estará completa.
Mas, primeiramente, é preciso esclarecer algumas dúvidas comuns em torno do termo. Afinal, trata-se de um vinho na tonalidade verde? Seu nome diz respeito a uma região? Ou é um estilo de vinho? Bem, uma coisa é garantida: entender o seu significado e o que envolve fará toda a diferença ao apreciar o o vinho verde de Portugal, seja em terras portuguesas ou além-fronteiras.
Então, vem com a gente em mais uma viagem pelo mundo dos vinhos! Para guiá-la, o Blog Andarilho convidou o sommelier Marco Ferrari. Além de sommelier profissional, ele é juiz qualificador de vinhos formado pela Fisar (Federação Italiana de Sommelier). Adicione à sua experiência o título de especialista em enografia e cultura enológica italiana formado pela IWTO (Organização Internacional de Provadores de Vinho). E, se não bastasse, é também especialista em vinhos de Bordeaux formado pela L’Ecole Du Vin de Bordeaux. Ou seja, não poderíamos estar em melhor companhia!
O que é o vinho verde
Segundo Ferrari, o vinho verde de Portugal é um vinho produzido no norte do país, na região dos vinhos verdes. Portanto, é uma Denominação de Origem Controlada (D.O.C). Em outras palavras, é um vinho pertecente a uma região vitivinícola demarcada, situada na Província do Minho. Em síntese, é um vinho exclusivo.
Considerando a sua área geográfica, a D.O.C. Vinho Verde é a maior região demarcada portuguesa e também uma das maiores da Europa. A demarcação oficial ocorreu em 18 de setembro de 1908, sendo uma das mais antigas do país, com 110 anos.
Dada as características do solo, entre outros fatores que determinam o terroir, a região foi dividida em sub-regiões. Tudo isso a fim de expressar de forma bem específica a tipicidade local nos vinhos. Ao todo, são nove sub-regiões: Amarante, Ave, Baião, Basto, Cávado, Lima, Monção e Melgaço, Paiva e Sousa.
De onde vem o nome?
Na avaliação do sommelier, o termo vinho verde é uma mistura de várias influências. Primeiramente, a região onde é produzido é muito chuvosa, logo muito verde em termo de vegetação. “Historicamente as videiras eram cultivadas entre as arvores, então não era incomum que os colhedores, na vindima, tivessem que recorrer a escadas para subir nas arvores e, assim, colher as uvas maduras. Dessa forma, essa imersão no verde pode ter influenciado no nome”, explica.
A sua característica principal é de serem vinhos de marcada acidez e frescor, explicada pelo solo granítico e temperaturas amenas. Além disso, têm baixo teor alcoólico e são vinhos leves de corpo.
Existem vinhos verdes nas versões seco, “os melhores”, destaca Ferrari, o semi-seco e alguns suaves. Estes últimos, ele adverte que são de qualidade um pouco inferior, embora nenhum deles tenha açúcar adicionado, pratica proibida na Europa.
Por vezes, o vinho verde apresenta uma característica que os portugueses chamam de “agulha”. Ou seja, um certo frisante que deixa o vinho mais vivo na boca. “Esta é uma característica ligada à tipicidade dos vinhos verdes”, acrescenta nosso guia.
Como apreciar o vinho verde
De acordo com Ferrari, o ideal é apreciar o vinho verde a uma temperatura bastante fria. “Eu diria entre 6ºC e 8ºC no máximo. Também não é bom guardar durante muito tempo e sempre preferir os vinhos de safras mais jovens, pois o vinho verde não gosta de envelhecer”, ensina.
A exceção quanto ao envelhecimento, destaca, fica para o vinho verde da uva alvarinho. “Trata-se de um vinho totalmente distinto dos outros verdes, encorpado, muito aromático e estruturado e que pode envelhecer com qualidade”, afirma.
Como harmonizar o vinho verde
Embora o vinho verde branco seja o mais comum, há também os tintos (mais rústicos e adstringentes), por isso não fazem muito sucesso, e os rosés. Este último tipo produzido mais recentemente, devido à tendência de consumo em alta de vinhos rosés como um todo. Ah, e não podemos esquecer que também existem espumantes produzidos na região do vinho verde, alguns de excelente qualidade.
No que se refere à harmonização, orienta o sommelier, os brancos combinam melhor com entradas, sopas frias, caldo verde, frutos do mar e peixes leves.
No entando, os vinhos verdes da uva Alvarinho, os mais emblemáticos e que são os mais estruturados de todos (produzidos na sub-região de Monção e Melgaço), acompanham bem aves, bacalhau, carnes suínas e peixes mais gordos, além de frutos do mar em geral.
Já os rosés vão bem com saladas, peixes ao molho de tomate, entradas e frios leves. Finalmente, os vinhos verdes tintos se destacam com carnes suínas gordas, pratos rústicos da cozinha portuguesa do norte e podem ser interessantes, arrisca Ferrari, com uma feijoada.
Vinícolas para visitar
De acordo com o site Rota do Vinho Verde, são mais de uma centena de vinícolas que podem ser visitadas e apreciar provas de vinhos na região do vinho verde. Você poderá conferir a lista completa aqui.
Eu destacaria ainda dois museus dedicado so vinho verde portugal que valem a visita para quem quer aprender mais sobre este vinho: o Museu do Alvarinho, em Monção, e o Centro de Interpretação e Promoção do Vinho Verde, em Ponte de Lima.
Então, o que você achou da nossa viagem pelo mundo do vinho verde de Portugal? Deixe sua opinião nos comentários. E como temos muito mais para mostrar, também adoraríamos ter você sempre por aqui. Basta se cadastrar para receber gratuitamente por e-mail ou WhatsApp o nosso conteúdo. Já quando você voltar a viajar, também lembre-se da gente! Veja, a seguir, o que podemos fazer por você.
Francisca Lemos de Freitas
julho 25, 2020Excelente estudo sobre o vinho verde! Aprendi muitos detalhes agora sobre esse vinho. A escolha do Professor Marco Ferrari é sempre acertadíssima! O que esse grande profissional sabe de vinho é admirável! Que bom termos por aqui uma autoridade no assunto do quilate de Marco Ferrari. Digo isso pela minha experiência de ser sua aluna.
Anchieta Dantas Jr.
julho 25, 2020Olá, Francisca!
Fico muito feliz com sua visita ao nosso blog, assim como poder porporcionar aprendizado para você e mais pessoas. De fato, Marco ferrari é um sommelier e tanto. Adoro o seu trabalho!
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Atenciosamente,
Anchieta.