Justiça racial: como apoiar enquanto viajantes

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Discursos de ódio, infelizmente, continuam cada vez mais fortes e presentes no mundo. E apenas se posicionar contra o preconceito não é mais suficiente para transformar este cenário. A partir do momento em que reconhecemos o racismo como um risco para o bem-estar de todos, é necessário que essa consciência venha acompanhada de atitudes claramente antirracistas. Ainda mais diante da maior circulação de pessoas entre países, quando, queiramos, ou não, aderimos a um mundo bastante diversificado. Então, eu me pergunto: o que nós, não só enquanto cidadãos, mas também viajantes, podemos fazer para apoiar a justiça racial?

Para responder essa questão, eu consultei fontes confiáveis e me debrucei sobre alguns artigos. O que constatei é que mesmo com todos os movimentos para acabar com o abismo social criado pela coloração da pele, o turismo é mais uma área onde pessoas de cor enfrentam inúmeras barreiras que brancos sequer imaginam.

Para começar, o racismo está no número muito inferior de negros viajando. Ele está nos problemas enfrentados por negros para usar aplicativos como Uber e AirBNB. Está ainda na mídia, nas abordagens e olhares atravessados sofridos por negros em todos os cantos do mundo. O racismo também está na chance de um negro ser preso pelo simples fato de um branco se sentir ameaçado.

É revoltante? É. “Ah, mas não é bem assim!” Pode apostar que é. “Você não deveria estar abordando esse tema em um blog de viagens”. Ao contrário. Exatamente por tanto viajar e me deparar com a beleza não só dos lugares, mas também das pessoas que lhes dão vida, sejam elas brancos, negros, pardos, indígenas ou amarelos é que não posso ficar indiferente quando acontece uma ofensa contra qualquer vida humana.

A vida é o que importa

E embora a sede de viajar, a retomada da economia e o desejo de que tudo volte a funcionar como antes da pandemia venham ocupado as discussões neste momento, mais importante é a vida de todos. Não importa a cor ou etnia.

Amplificar as vozes dos outros é sempre importante, principalmente dos que se sentem fracos e ameçados. O fato é que diante dos atos antirracistas que ora assistimos ao redor do planeta (valiosos, vale destacar), estamos em uma encruzilhada particularmente crucial.

Dessa forma, compartilhar esse conteúdo agora é mais importante que a nossa inspiração para viajar. Vozes negras estão lutando para serem ouvidas. Vamos escutá-las e contribuir por mais justiça racial. Isto é apenas um começo. Mas cada um pode fazer a sua parte. As atitudes de cada um, somadas, certamente tornarão o mundo melhor e mais justo.

Como apoiar a justiça racial

A justiça racial diz respeito a garantir que pessoas de todas as raças sejam tratadas igualmente em todos os lugares. Isso significa que qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode ajudar. Como viajantes, nossas ações podem contribuir para a justiça racial ou ajudar a agravar o problema. Se você, não só como cidadão mas também viajante, deseja garantir que está apoiando pessoas de cor, eu lhe convido a continuar a leitura.

Para escrever esse conteúdo, entre tantas fontes, eu me inspirei particularmente no artigo de Amanda Machado para o Matador Network, uma comunidade de viajantes apaixonados em todo o mundo.

Dessa forma, eu resolvi ampliar o calcance de suas colocações, acrescentando as minhas próprias. Confira, a seguir, algumas maneiras de apoiar e promover a justiça racial ao redor do mundo. Vamos juntos combater as desigualdades?

Procure informações

É preciso entender a realidade e a história de etnias diferente da nossa, principalmente quando visitamos outros países. Olhar para quem está ao nosso lado, pesquisar a história de culturas e povos, conversar e principalmente escutar pessoas que não têm a mesma etnia que a nossa são exemplos simples, mas que fazem total diferença na hora de enxergar a diversidade ao nosso redor.

Não classifique ninguém pela cor da pele

A maioria dos seres humanos sentem orgulho da sua cor. E isso não tem nada de errado. Porém, essa não deve ser uma premissa para desmerecer o outro pelo simples fato da cor da pele ser diferente.

O fato é que, normalmente, algumas formas de tratamento possuem uma conotação racista, e isso poderá constranger e atingir as pessoas. Evitar os tratamentos que remetam à cor é uma forma de ajudar no combate ao racismo e a outras formas de preconceito onde quer que estejamos.

Reconheça seus privilégios

Você sabe quais são os seus privilégios em relação às pessoas de etnias diferentes da sua? Para reconhecê-los veja as dificuldades que negros, indígenas e amarelos sofrem e compare se essas situações acontecem com você. Assim, fica mais fácil de pensar em soluções práticas para diminuir o racismo.

Crie laços de solidariedade antirracismo

Se você é de uma etnia oprimida e estereotipada, lembre-se de que outras raças também são alvo do racismo. Se você é negro, converse, por exemplo, com pessoas indígenas, a fim de entender como o racismo acontece na vida delas. Com essa troca, uma pode ajudar a outra, e criamos uma rede de solidariedade antirracista.

Valorize todas as diferenças

A promoção da justiça racial deve ser uma das frentes na mudança social e comportamental que esperamos. Contudo, não deve ser feito apenas por militância ou por oportunismo político. No entanto, precisamos muito mais do que ações e campanhas oficiais: é preciso consciência e, acima de tudo, atitude.

Combater o racismo sem respeitar as mulheres, os portadores de necessidades especiais e os colegas de outros estados e países, além das diferentes descendências, é, no mínimo, um contrassenso. Portanto, valorize a diversidade de cada pessoa.

Também, de nada adianta dizer que é contra o racismo, que não tem preconceito, e continuar com as piadinhas infames, as quais fazem parecer que a definição da personalidade de uma pessoa se dá pela cor da pele ou qualquer outra característica física.

Não me parece ser tão difícil respeitar o próximo. A maior dificuldade, aqui, é entender as pessoas que insistem em julgar pela cor da pele devido a um sentimento de superioridade. Somente recebendo o outro de braços abertos — e mente aberta — é possível praticar a justiça racial.

Cuidado com as palavras

Devemos ter cuidado com o que falamos e como o fazemos, principalmente, ao conversar com habitantes dos locais que visitamos ou ao descrever nossas experiências de viagem para amigos e familiares.

Infelizmente, há registros de viajantes brancos relatando suas viagens usando linguagem racialmente insensível e ignorante. Mesmo quando feito de maneira não intencional, falar assim ofende e desapodera as pessoas de cor ou de etnias diferentes da nossa.

Pense em como as palavras escolhidas podem ser interpretadas por pessoas de cor e reflita sobre a história que talvez fez você escolher uma determinada palavra para descrever um grupo de indivíduos.

Apoie negócios locais de pessoas de cor

No artigo de Amanda Machado, ela cita um estudo, de 2016, do Institute for Policy Studies, o qual aponta que, nos Estados Unidos, uma família negra média precisaria de 228 anos para construir a riqueza de uma família branca hoje. Para as famílias latinas, levaria 84 anos.

De acordo com ela, “em todo o mundo, especificamente no setor de viagens, há também uma lacuna de riqueza racial. Em alguns países dependentes do turismo, o dinheiro acaba nos bolsos de operadores turísticos estrangeiros (e principalmente brancos), companhias aéreas, hotéis etc. Esse fenômeno é chamado de vazamento turístico”.

Assim, sempre que possível, fique em hotéis de propriedade ou administrados por pessoas de cor. Ao viajar para o exterior, priorize se hospedar em hotéis e hostels administrados por moradores locais para garantir que seu dinheiro realmente beneficie o país para o qual você está viajando. O mesmo vale para a escolha de restaurantes.

Preze pela arte e cultura do lugar

Ao viajar, todos gostamos de comprar lembranças dos locais visitados, seja para nós mesmos ou para presentear amigos e familiares. Ao fazer isso, que tal trazer peças e produtos fabricados na cidade ou país em questão?

Dessa forma, priorize o artesanato local, o trabalho de artistas de ruas, os pequenos comércios, assim como os produtos típicos produzidos por gente do lugar.

Além de ser original, trazendo lembranças que sejam a cara de onde visitou, você garantirá que o dinheiro gasto, de fato, ajudará diretamente a comunidade.

Não seja indiferente à injustiça racial

Por fim, ajude uma pessoa que é vítima de racismo. Para isso, vale dar um abraço ou apenas ficar próximo para ela saber que não está sozinha.

Converse também com a pessoa que praticou o racismo ou procure alguém para denunciar a situação. O importante é não se calar. Racismo é crime, não piada!

Na verdade, este é um tema bastante delicado. Um debate que merece ser contínuo. Por isso, eu gostaria de saber sua opinião. O que você achou desse post? Deixe um comentário!

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