Se você me perguntasse sobre um ponto turístico na Cidade do Cabo onde tivesse a chance de saber mais sobre a história da África do Sul, eu não pensaria duas vezes em responder: Robben Island. A 30 minutos de barco do continente, esta ilha foi uma prisão durante muitos anos e recebeu presos importantes, como o grande ídolo sul-africano, Nelson Mandela, que ali passou 18 anos de sua vida.
A ilha e a prisão foram abertas ao público no início de 1997, sendo, reconhecidas, em 1999, como Patrimônio Mundial pela UNESCO.
É um passeio interessante? Eu acho, ainda mais que não dá para pensar em África do Sul sem associar o país aos horrores do Apartheid, regime em que os brancos viviam segregados de pessoas de cor e com todas regalias sobre os demais.
Em 1961, Robben Island tornou-se prisão de segurança máxima para ativistas políticos. Dessa forma, muitos daqueles que criticavam esse sistema e lutavam por melhores condições de vida para os negros acabaram sendo detidos no local.
Uma vez na atração, é possível saber, da boca de ex-prisioneiros (o que torna a visita mais rica), o que motivava as prisões, como era a vida no cárcere, os trabalhos forçados aos quais eram submetidos e como era o tratamento dispensando aos presos de cor em detrimento de outras etnias como os brancos.
Se der sorte e seu guia tiver convivido mais de perto com Mandela, poderá saber curiosidade sobre o grande líder e seus ensinamentos.
No entanto, eu só recomendo visitar Robben Island se você tiver ao menos cinco dias pela Cidade do Cabo, pois as atrações são muitas e este passeio tem duração média de quatro horas. Dependendo do horário em que for feito pode comprometer todo o seu dia, como aconteceu comigo.
Os passeios partem diariamente da Torre do Relógio (Nelson Mandela Gateway), no Waterfront, em quatro horários (9h, 11h, 13h e 15h).
Os passeios para Robben Island Os passeios partem diariamente da Torre do Relógio, no Waterfront Fotos: Anchieta Dantas Jr./Blog Andarilho
Barcos que fazem o trajeto Cidade do Cabo/Robben Island
Como é uma atração muito concorrida, no dia que destinei a conhecê-la, eu só consegui lugar no tour das 11h, retornando à Cidade do Cabo somente às 15h, a tempo somente de almoçar e seguir para curtir o por do sol em Signal Hill.
Assim, eu recomendo comprar seus ingressos antecipadamente on-line (Você pode consultar disponibilidade e adquirir o ingresso aqui), antes de viajar, pois eles se esgotam rápido na alta estação e em feriados.
Enquanto espera o embarque, na fila mesmo, não deixe de conferir a exposição existente no interior do Nelson Mandela Gateway sobre a prisão e o Apartheid.
Outra coisa: mesmo com o ingresso em mãos, chegue cedo. Ao menos 30 minutos antes, e ser um dos primeiros a entrar no barco, pois se o sol estiver forte, você garante assento na área coberta e com ar-condicionado.
Se bem que eu preferi me sentar no deck, pois até chegar à ilha, à medida que vamos nos distanciando do continente, temos vistas incríveis da Cidade o Cabo e da Table Mountain. Portanto, máquinas e celulares à postos!
À medida que o barco se afasta da costa,oferece lindas vistas da Cidade do Cabo
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Como é a visita a Robben Island
O passeio é dividido em duas etapas: a primeira é um tour de ônibus ao redor da ilha e a segunda uma visita ao interior de um dos prédios da prisão.
Logo que o barco chega, somos direcionados para os ônibus que nos aguardam. Cada um possui seu próprio guia e fazem trajetos diferentes para evitar o acúmulo de pessoas no mesmo lugar, porém todos visitam os mesmos locais.
Chegando ao porto de Robben Island
Os ônibus que fazem o tour pela Ilha
O ônibus circula por quase toda a ilha e ao longo do caminho o guia vai explicando a história de cada ponto de interesse.
Entre aqueles visitados estão a igreja, o cemitério, um farol do século XIX, a pedreira onde os presos faziam trabalhos forçados (inclusive Mandela), a vila onde viviam os oficiais e encarregados pela ilha, a escola, o hospital, as prisões, entre outros.
A vila e o farol ao fundo
As prisões em Robben Island
A pedreira onde os prisioneiros faziam trabalhos forçados
O ônibus faz uma parada na beira da praia, onde há uma lanchonete e banheiros e de onde é possível avistar de longe a Cidade do Cabo e tirar altas fotos.
O lugar é muito bonito. Há inclusive quem vá casar nesta ilha, conforme o guia contou. E não é nada barato, viu?
A vista da Cidade do Cabo desde Robben Island
Já a segunda etapa da visita é um passeio guiado pelo interior da maior das quatro prisões da Robben Island, a prisão de segurança máxima.
Como eu adiantei, neste momento, os guias são ex-presidiários que viveram anos no local e que hoje trabalham na ilha, contando aos visitantes tudo que acontecia no dia-a-dia da prisão.
Ex-prisioneiros conduzem o tour dentro da prisão de segurança máxima
Entre os locais visitados estão os pátios internos, o refeitório, uma cela grande onde vários presos dormiam juntos e o corredor da seção B, onde ficava a cela de Nelson Mandela, a qual nos é mostrada.
Cela comunitária
Cela de Nelson Mandela
A explicação chega a detalhes como era a alimentação dos prisioneiros de cor e dos brancos, onde eles dormiam e o tratamento dispensado a um e a outro.
Ao fim da visita, saimos da prisão e vamos a pé direto para o barco. O único inconveniente é a fila de espera para entrar na embarcação, pois ficamos sob o sol.
Não há sombra e se a sua visita terminar no período da tarde como a minha, por volta das 15h, e ainda for no verão, o calor é insuportável!
Outra coisa, o inglês dos guias tem um sotaque carregado. Às vezes, eles falam tão rápido que se nos distrairmos perdemos o fio da meada.
De qualquer forma eu gostei do passeio a Robben Island pela beleza da ilha e pela aula de história contada pelos próprios personagens.
Veja no vídeo abaixo os melhores momentos da minha visita a Robben Island:
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